Buscando primeiro o altar para a restauração de todas as coisas
Restauração é um dos temas básicos da Bíblia: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21:5) – o novo céu e a nova terra, a nova Jerusalém. Podemos também verificar em Gênesis que o que Deus formou (o céu e a terra) era perfeito, porém, com a queda de Lúcifer e a terça parte dos anjos, a terra tornou-se sem forma e vazia (Gn 1.2), e Deus começou a restauração, dia após dia, para que seu plano fosse realizado (Gn 1.3-31; 2.1-25). Deus deseja e tem um sonho, o de governar toda a terra e sobre um povo que se chama pelo seu nome, povo santo, igreja gloriosa, a fim de dar o seu descanso à humanidade.
Na primeira vinda de Jesus, a igreja gloriosa quase foi formada. Mas logo entrou em declínio e apostasia. Por isso precisamos novamente de restauração antes da segunda vinda de Cristo. Se no início da igreja já havia declínio e apostasia, imagine hoje. Precisamos ter consciência de que a igreja hoje precisa ser restaurada, e isso deve acontecer diariamente, assim como Deus fez em Gênesis, dia após dia. Pois o que vemos não é Jerusalém, é Babilônia. Jerusalém é a noiva, a esposa do Cordeiro (Ap 21.9-27), mas Babilônia é o berço da vaidade, da ostentação e da impiedade do mundo (Is 13; 14; 21.1-10; 47.1-7 e Jr 50).
Eu quero Jerusalém, tenho saudades, quero lembrar, chorar e orar por ela. Você tem visão do plano de Deus? Se tivermos uma visão do plano de Deus, procuraremos fazer parte do processo de restauração que Ele está realizando hoje. O que o impede de fazer isso? Você é incapaz? Ele o capacita. Você é impotente? Ele lhe dá poder. Moisés era gago; Davi, adúltero; Pedro, inconseqüente; Paulo tinha um passado condenador, mas todos eles tinham a visão do plano de Deus e fizeram parte dele. Sem a restauração, Jesus não voltará. Ele merece uma noiva perfeita, restaurada, sem rugas e sem manchas. Onde está? Alguém viu?
O elemento principal da restauração é o altar (Ed 3.1-6)
Deus gosta de organização, e as coisas dele são organizadas, nada é por acaso. A primeira coisa que os filhos de Israel foram dirigidos a fazer foi levantar um altar para Deus. Mas nós pensamos diferente, primeiro levantamos os muros para nos proteger dos inimigos, depois fazemos a casa, e por último é que vamos para o altar. Pensando que podemos resolver as coisas e tendo um espírito de ativismo, saímos correndo para levantar os muros (fazer no lugar de Deus com autoconfiança) sem ouvir Deus e sem levantar um altar (não nos voltando para oração e palavra). Mas, na ordem de Deus, construíram primeiro o altar; depois lançaram os alicerces da casa e a edificaram (com dificuldades e uma interrupção de 16 anos); e finalmente, na geração seguinte, é que levantaram os muros.
A obra de restauração requer perseverança e paciência. Se tivermos uma revelação da ordem de Deus, perseveraremos para cumpri-la. O altar representa o início da obra de Deus, ele deve ser levantado antes de construir a casa, pois será uma proteção melhor contra os inimigos do que os muros.
Elias foi considerado o profeta da restauração. Sua principal obra foi restaurar o altar do Senhor (1 Rs 18.30). Depois do dilúvio, a primeira coisa que Noé fez foi levantar um altar ao Senhor (Gn 8.20). Pois bem, o que é o altar? O altar é: Estar em contato constante com Deus (oração e palavra diária). É uma via com duas mãos: você com Deus e vice-versa. É dar espaço para Deus e fazer o que Ele ordenar, é ter uma vida espiritual, ouvindo e sabendo qual a vontade Dele. Dar espaço para Deus nos ajudará a chegar no altar.
Como dar espaço para Deus e ter uma vida espiritual se estamos tão ocupados?
Nossas agendas estão cheias, estamos muito atarefados em todo o tempo. Os dias estão cheios de coisas para fazer, precisamos encontrar tal pessoa, temos projetos a realizar, telefonemas e compromissos…
Você já se sentiu uma mala? E daquelas bem abarrotadas que quase não dá para fechar? É assim que está a nossa vida. A onda deste mundo é dizer que você precisa produzir. Estar atarefado ou ter uma ocupação tornou-se a principal forma de nos identificar. Por isso é que estamos tão ocupados e preocupados. É preciso parar de se preocupar, pois quanto mais preocupado fico, mais ocupado me torno. Ocupado com o trabalho, com a produção, porque sem eles eu não posso comprar aquele produto novo, não posso fazer aquela viagem, não poderei sair para me divertir e pagar minhas contas.
Todas essas ocupações e preocupações enchem demais a nossa vida externa e interna e nos impedem de ver o Espírito de Deus agir livremente para nos renovar. Mesmo atarefados com ocupações e preocupações em buscar tudo de bom para nós mesmos, não estamos satisfeitos ou verdadeiramente realizados. Um forte sentimento de não realização está na superfície das nossas vidas ocupadas a ponto de nos deprimir.
Outro dia eu respondi para Deus: Eu desisto da minha vida! Acredito que eu falei isso com a revelação do Espírito Santo de Deus. E, somente depois eu entendi o sentido das palavras: eu estava desistindo de correr com minhas próprias pernas e com o meu próprio esforço para resolver meus problemas e preocupações. Jesus nos chama para vivermos uma vida espiritual, pois só assim se reage à condição de estar cheio, mas não realizado. Mas só ouviremos esse chamado se, honestamente, confessarmos nossa existência falível, desabrigada e preocupada, reconhecendo seu efeito massacrador em nossa vida diária.
Por favor, não entendam que Jesus quer retirar de nós eventos, atividades e pessoas que fazem parte da nossa vida e que o que fazemos não tem nenhuma utilidade. Nem sugere para que nós nos afastemos de nossos envolvimentos e vivamos vidas calmas e sem as lutas do mundo. Mas Ele nos pede que substituamos nosso ponto de gravidade, que mudemos as nossas prioridades. Quer que deixemos as muitas coisas para a única coisa necessária, Seu Reino.
Jesus tinha uma vida muito atarefada, ensinava os discípulos, pregava para a multidão, curava os doentes, expulsava demônios, respondia perguntas e andava de um lugar para outro. Quase não ficava sozinho. O texto de Mateus 9:32-38 nos ilustra bem o quanto Jesus era atarefado. Porém em outro texto (João 4:34) ele não deixa dúvida sobre sua prioridade. (Não deixe de ler esses dois textos).
Vamos buscar a vontade de Deus, é importante escutar atentamente ao Espírito e ir obediente aonde estamos sendo dirigidos, quer num lugar alegre ou de dor. Assim como Jesus, devemos ser todo ouvidos para Deus. Parece impossível, mas essa é a verdadeira oração. O ponto principal da oração é realmente ouvir, permanecer obedientemente na presença de Deus. A vida espiritual requer muita disciplina, portanto precisamos nos esforçar para criar um pouco de espaço interior e exterior em nossa vida, para que a obediência possa ser praticada. Mediante a disciplina para uma vida espiritual, vamos impedir que o mundo preencha nossa vida de tal forma que não haja mais lugar para ouvi-lo.
Baseado no livro “Espaço para Deus”, Henri J. M. Nouwen
VC usou o mesmo titulo do livreto de Henry Nouwen, citou trechos e não deu credito ao autor. Teria sido justo citar fontes, eu acho.f